Mc Leozinho
Imagine a situação: o camarada está curtindo um pagode num fim de tarde em Charitas, em Niterói, quando o DJ resolve trocar as batidas do samba por música eletrônica. É o pretexto que uma morena precisava para chamar a atenção de todos com uma coreografia sensual. A cena inspirou Leonardo Freitas – o MC Leozinho a compor Ela Só Pensa em Beijar e transformou seu autor no mais recente fenômeno do funk carioca. A música dominou as pistas de dança da cidade e a programação das rádios. Virou um dos toques de celular mais baixados – só em um mês foram mais de 50.000 downloads. Lançada no Rio, Ela Só Pensa em Beijar ganhou o país. No fim de abril (2006 ), a faixa ocupava o segundo lugar entre as músicas mais tocadas em São Paulo. Leozinho, freqüentador dos bailes funk em Niterói, fã de Dire Straits, Technotronic e Chico Buarque, levou um susto. "Não esperava esse rebuliço todo, mas não posso negar que estou adorando", diz.
"No início, pouca gente me levava a sério. Eu pedia para cantar e fazia shows de graça", relembra. Neles, mostrava um som diferente. "Não era o que estava no topo das paradas. Não tinha o apelo sexual da Tati (Quebra-Barraco) nem era um protesto. Era mais light", explica. Conseguiu gravar as faixas Ela Só Pensa em Beijar e Delírio Tropical no estúdio da Furacão 2000, em Irajá, e saiu distribuindo cópias para produtores musicais e programadores de rádios comunitárias. Até que o hit caiu nas mãos do DJ Marlboro, o midas do funk carioca, que o convidou para gravar. O CD acaba de sair pelo selo Link Records, de Marlboro, e é distribuído pela Universal Music, com tiragem inicial de 10.000 cópias. O repertório traz apenas duas músicas que não são do MC – as versões de Sá Marina (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar) e Nosso Sonho (Claudinho & Buchecha).
Hoje Leozinho faz shows por todo o país, é assediado por veículos de comunicação – só na semana passada foram quinze entrevistas (Maio de 2006) – e chegou à alta-roda: em março, arrasou ao se apresentar numa festinha promovida pela Daslu, em São Paulo. Nascido e criado em Niterói, Leozinho tem cerca de trinta composições guardadas e se orgulha de dizer que é o responsável pelo uso do violão no funk. "É o que faz minha música diferente", comenta ele, que aos 10 anos teve algumas aulas do instrumento. Depois prosseguiu aprendendo por conta própria,tirando música de revistinhas com melodias cifradas. O funkeiro, que cursou dois períodos de fisioterapia, teve de abandonar os estudos quando sua ex-namorada ficou grávida de Letícia, hoje com 4 anos. Agora, ele começa a se dar alguns pequenos luxos. "Voltei para as aulas de violão. Quero progredir", diz.
(Matéria Veja ON Line 10 05 2006 )
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